
Ser docente, no entanto, não é tão fácil. Existem muitas dificuldades, muito 'jogo de cintura' para perceber que, além de poder ajudar na formação de profissionais, é necessário contar com um pouco de manejo administrativo. É necessário aprender a coordenar e orientar tarefas, estruturar uma equipe e tornar todo o sistema de educação eficaz para o que se propõe a ser feito. É preciso ter coragem para enfrentar a resistência daqueles que acreditam que o apadrinhamento vale mais do que uma carreira bem contruída. Garra para lutar por mudanças substanciais dentro do ensino superior brasileiro, que não pode apenas se pautar em progresso vazio, enquanto a educação básica respira com dificuldade. É preciso ter vergonha para não se deixar reclamar apenas por melhores salários quando tudo ao seu redor se encontrar ruído, pois muitos não fazem a sua parte.
O primeiro passo para ser de(o)cente é não acreditar que a carreira de docência acadêmica vale apenas pelo salário (para a realidade do Brasil, farto) e pela posição que ela dá. Digo isso, não porque acredite que tenha o 'dom' ou porque fui 'predestinado' a ensinar e sim, porque é preciso amar, sentir aquilo que se tem para fazer. Talvez seja impelido por muitos que a falta de experiência é que me faz pensar utopicamente. Mas não. Vejo colegas de formação quase assinando a sentença de que serão apenas professores-fantasmas (aqueles que aparecem pouco, são bem famosos e ainda ganham em cima disso), pois a (sic) 'o ensino superior é falido neste país'. É uma pena, quero mais do o salário, quero mais do que o título. Quero seguir o que realmente gosto de fazer, o que me deixa vivo. O ensino da Odontologia me traz isto.
Realmente, não pretendendo julgar ninguém, embora já tenha feito. É apenas um desabafo, é como concebo as coisas, este universo que frequento há 2 anos e que desejei frequentar sempre. É a visão de quem está vendo a engrenagem por dentro, enquanto parte, ainda discreta, dela. É simplesmente a vontade de que as coisas mudem. Tenho ídolos, professores queridos, que não são meus padrinhos e que não me deram cargo algum. Entretanto, me mostraram que, mesmo com tantas dificuldades, é possível se fazer algo.
E por isso, me sinto herói. Justamente por ser marginal.
Zé