sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Dor De Uma Perda

Não, queridos amigos, não falarei de perdas minhas nesta postagem. Até porque não as tenho neste momento, graças a Deus. A justificativa desta postagem vem justamente de três filmes a que assisti nestes últimos meses e que me comoveram de maneira absurda. "Como Esquecer", "Direito de Amar" e "Contra Corrente" têm em comum entre si uma temática bastante em voga, a da homossexualidade. Não apenas retratando amores possíveis e impossíveis, mas analisando a fundo a questão da perda, do interrompimento de uma relacionamento por circunstâncias diversas. Isto poderia, talvez soar como algo clichê, relativamente discutido no cinema, mas a óptica apresentada é de uma delicadeza sem fim. São momentos de perdas diferentes. Causas idem. A personagem principal aqui é a dor e como ela devasta um ser humano o levando às raias da loucura. Como não atentar em "Como Esquecer" o prelúdio sacudido de agonia tendo Elis Regina ao fundo com "Retrato em Branco e Preto"? O que dizer da respiração ofegante do personagem central em "Direito de Amar" ao receber a pior notícia de sua vida? E quanto às orações e penitências de um pescador dividido entre sua moral e seus sentimentos em "Contra Corrente"? O elo de ligação entre eles é a maneira como a dor da perda se insere em seus cotidianos.
Permeados por imagens cálidas de tempos de outrora, os três personagens vagam vivendo seus purgatórios pessoais, permitindo que suas vidas se tornem apenas metade daquilo que já foi um dia. A degradação física é bem marcante, mas a moral talvez seja a mais evidente, mais gritante.
Tal qual na vida real, os filmes em questão são exemplos de como nós, sujeitos, não somos culturalmente preparados para lidar com ausências.
Confesso que fiquei balançado e, por alguns segundos, me pus no lugar das personagens. Não foi uma sensação nada boa. Um súbito medo me invadiu e decidi abortar a tentativa de sentir o que se sente num momento de perda. Que fique claro, a temática dos três filmes refere-se a relações amorosas, não sendo portanto uma perda qualquer. Ainda que com ressalvas, tirei uma conclusão interessante: é necessário viver intensamente o que nos é oferecido. Não devemos esperar, passivamente, a vinda da perda. Ela virá, certamente. A dor será imensa, profunda e lancinante. Viveremos a degradação, mas conservaremos o que de bom as pessoas que amamos nos deixaram.
Seguem os links dos trailers para quem tiver curiosidade:



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

7 meses corridos

Tanto tempo sem escrever me faz perguntar como consigo viver sem ter os meus momentos de desabafo, de entrega aqui no ambiente virtual. Tudo aconteceu, eu vivi, vi muitas coisas no decorrer deste longo período longe.

Só tenho a escrever: estou voltando...

domingo, 9 de janeiro de 2011

É preciso escrever...

Último post: 14/11. Havia prometido mudanças no blog: iria escrever mais sobre música e divagar menos sobre sentimentos meus, coisas que me afligem ou qualquer tópico que se aproximasse disso. Tentei, mas não consegui. Talvez seja realmente um sinal de que este blog sirva mais para alívio de angústias do que para que os que o leiam se informem ou extraiam algum tipo de lição daqui. Este, o blog pipocamoderna2, é o meu terapeuta virtual. Num mundo onde tudo é mais virtual do que palpável, real, nada mais adequado e compatível que eu me insira desta maneira. Pode ser bobo, desinteressante alguém ler minhas palavras, mas, de antemão, não sou eu quem as escreve, possivelmente elas se escolhem, principalmente quando bate a angústia ou isolamento. Não escrevo para ninguém, apenas para mim. Reforços realizados, ideias bem centradas, dúvidas esclarecidas e devaneios justificados, vamos ao que interessa: momento confessional.
Há poucos dias do Natal de 2010, mais precisamente, desde o início de dezembro. Vivi uma espécie de "meltdown"(utilizando o termo em inglês, por não encontrar palavra que pudesse descrever o que vivi): tinha conquistado tudo o que poderia, mas ainda não me sentia feliz, muito pelo contrário, parecia que um buraco crescia em mim e arrastava tudo de bom que tentasse se aproximar. Meu riso não era espontâneo, minha alegria era vã e meus dias se arrastavam através de horas e horas de ansiedade por não sei o que. Vivi algo semelhante em 2008, mas nada tão intenso como o de agora. Incrivelmente , isto sempre ocorre em momentos de mudanças radicais ou conquistas há muito acalentadas.
Questionamento: "isso é apenas depressão, meu caro colega", alguém pode dizer. Diagnostico como falta de algo que sempre me deu conforto e apoio nas horas certas e incertas: minha relação com Deus. Percebo que sempre que conquisto algo ou que mudo, perco o foco da minha relação com Ele. Que fique claro, aqui não falo de religião, falo apenas do que acredito e do que sigo.
Cegamente, chorei, me odiei por ter feito certas escolhas, esqueci que o mundo ao redor me oferecia muito mais do que a minha limitada visão permitia. Foram momentos de desespero, angústia, dor. Precisei parar e observar. Reavaliei minha relação com Deus e percebi que estava muito, muito distante dEle. Este foi o momento mágico de tudo.
Hoje me sinto bem, me sinto limpo. Ainda ansioso, mas procurando sempre o lado positivo das coisas e lembrando sempre do nosso Salvador. Aproveitando sempre os bons momentos e focando na finitude dos maus. Sempre ajudado pelos anjos que Deus colocou na minha vida: Tony (meu amor), mãe, avó, Edivânia, Roberta e tantos outros que me ajudaram de uma maneira que nunca saberão.
I Keep on moving...always...

domingo, 14 de novembro de 2010

Movimento do blog

Tentarei, na medida do possível, escrever algumas resenhas sobre discos que tenho ouvido recentemente.
E o primeiro será "Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias", da Vanessa da Mata.

P.S.: Não sou crítico musical, entendo um pouquinho de teoria musical e talvez isto me ajude a tecer comentários técnicos, rsrsrsrs

You Can't Change The World, Boy!

Oh! Por que depois de conquistas sempre vêm as obrigações? Talvez seja porque nos dedicamos tanto a obter certos êxitos que todo movimento em prol daquilo nos gera uma dívida. E sim, ela precisa ser paga. Passada a euforia dos brindes, congratulações e pensamento anestesiado, chega a responsabilidade. Ela, tão falada, tão divulgada, me perturba enquanto virginiano que sou. Perfeccionista ao extremo, peco pela necessidade amplificada de me envolver em situações/coisas que me sejam próximas de ideais que cultivei com tanto carinho durante a minha, ainda curta, existência. Sensação de desempenhar uma tarefa adequadamente me agita, tornando os movimentos do mundo, algo extremamente exato e matemático. Isto não seria problema se trabalhasse em uma área diferente, mas não onde eu trabalho: lido com saúde, pessoas, desejos e limitações. Empreitada árdua, certamente, mas não menos prazerosa. Nada é exato. Nada do que faço ou ofereço como tratamento ou possiblidade é 100% certo. Equilibrar ânimos, histórias de vida e conceitos já formados sobre o meu ofício consome muita energia. Disso tudo já sei. Mas, como dizer isto a alguém que é perfeccionista e que pretende (humildemente) mudar a realidade, ainda que em parte , que lhe cerca? Internalizar conceitos e tranferí-los para minhas ações habituais é um desafio gigante, mas que estou disposto a tentar.
Não pretendo me pintar uma imagem de 'Madre Teresa de Calcutá', cuja a abnegação aos seus ideais é sobrenatural. Apenas relato como sou e desabafo. Estes dias me peguei falando: 'mas não posso fazer isto, é uma situação injusta, não é legal, isto não sou eu'. Daí respondo para mim: 'Faça o que estiver ao seu alcance, mude o que puder, mas não tente mudar o mundo INTEIRO sozinho, pois nunca conseguirá'.
Lido com pessoas e elas nunca são exatas. Quem me garante que o que acho injusto não seja justo para o outro. Não é possível descartar esta possibilidade. Entretanto, corromper-se, perder suas noções de justiça para si mesmo é que não se pode fazer, de maneira alguma. Diferença entre Justo/Injusto - Certo/Errado existem, sempre! O que eu não posso viver é uma situação constante de cruzar meus braços e não fazer nada, pois algo é injusto para mim. Devo tentar. Ainda que em vão. Não devo me corromper, mas 'I can't change the whole world alone'. Fazer ou tentar fazer a minha parte já é algo importante.
É só.